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segunda-feira, 20 de outubro de 2014

[Imaginando] - A Exploração de Ishter


          Ishter já estava vagando há alguns dias naquele planeta. As matas ainda conseguiam protegê-lo do sol gigantesco, mas seu módulo já estava perdendo energia para resfriar seu corpo. Durante à noite, ele dormia com metade do corpo dentro de um lago, esperando que, assim, tudo ficasse um pouco mais suportável. Mais dois dias e, provavelmente, ele não sobreviveria àquele sol.


          O que seria tão importante para que ele fosse àquele planeta? Passasse por todos aquelas problemas? Estas eram perguntas que Ishter se fazia a cada quinze minutos ou quanto tentava ativar seu localizador para ver onde raios, no meio do universo, ele estava. Talvez, ao saber em que perímetro universal ele estava, ele conseguisse saber seu objetivo lá.
        Mais um dia... Ele só tinha mais um dia. Seus pés já eram arrastados, sentia sua boca seca, o ar que entrava pelo módulo já não era mais tratado e, sendo assim, ele sentia a secura arranhando suas narinas.
        Ishter estava cansado. Cansado de ter que ficar perdido naquele lugar; cansado por ter que se arrastar para cada sombra só para descansar por meia hora; cansado de carregar aquele módulo que a cada minuto se tornava mais inútil. Cansado. Era tudo que Ishter conseguia pensar.
         Contudo, como se algo poderoso estive o ouvindo, ele pode ver, meio à mata que estava, uma entrada feito de pedra. Não o interessava saber o porquê aquilo parecia não estar ali enquanto se aproximava e nem parou pra pensar se era seguro entrar. Afinal de contas, era uma oportunidade para uma sombra sem fim. 
       Ao entrar, ele senta e fecha os olhos. Nada como se despedir daquele mundo infernal numa sombra fresca.

         "Mensagem recebida"
      Ao ouvir o sistema de seu módulo avisá-lo sobre a mensagem, Ishter desperta do quase sono profundo. Como era possível? Há dias seu sistema estava off-line por causa da atmosfera daquele planeta! 
         Ao se levantar, ele também percebe que o calor horrendo já não o atinge mais. O sistema de resfriamento havia voltado. 
        Para ter certeza de que não sonhava, Ishter ativou o mapa holográfico e pode ver que estava no perímetro dez, da galáxia Zord. Ainda não sabia o que estava fazendo lá, mas, pelo menos, sabia onde estava e isto já servia como consolo. Ele finalmente se sentir animado até para falar.
          - Vamos, então, ver de quem é a mensagem. Sistema, reproduza a mensagem recebida.
          Após o comando, uma tela apareceu em sua frente. Ainda impressionado com a volta das funções de seu módulo, Ishter ficou apreciando aquela tela holográfica, pensando que tudo daria certo, agora que seu módulo voltara a funcionar. De repente, a mensagem começa a ser reproduzida e um homem negro, grande, como uma tatuagem no rosto diz:
           - Ishter, onde raios você está, seu filho da puta? Você já deveria ter voltado com a merda da estatueta! Aqueles Aquarians vão me foder se você não voltar com essa porcaria logo!
              "Mensagem encerrada" mostrava a tela. 
              - Sistema, você sabe me dizer quem é o remetente da mensagem?
              - O contato está registrado apenas como "Chefe".
              - Quando a mensagem foi enviada?
              - No dia 14 às 16h00.
          Olhando as informações expostas no visor, ele pode ver que já havia passado uma semana desde que o Chefe tinha enviado a mensagem. Pelo jeito, ele já estava sofrendo nas mãos dos Aquarians. Entretanto, mesmo sabendo sobre o Chefe, estatueta e Aquarians, nada fazia sentido. Nada
            - Sistema, por acaso, eu registrei o que tinha que fazer neste planeta?
            - A única informação que tenho é a imagem desta estatueta. Este era o objetivo de vir à este planeta. 
          Com  a projeção do holograma em sua frente, ele pode ver que se tratava de um ídolo pequeno, cujo entalhe era difícil de identificar. Alguns tentáculos eram possíveis de ser vistos, mas o resto do desenho parecia não fazer sentido. Deveria ser feito de algum tipo de metal que é importante para os Aquarians. 
             Ishter decidiu que continuaria a andar pelo corredor. Já não tinha tanta pressa de ir embora e o sistema parecia identificar algo comestível alí perto.  Ele pode ver que era um corredor feito para humanos, mais largo do que o normal e com vários desenhos nas paredes. Muitos eram pessoas festejando ou fazendo suas tarefas cotidianas. Entretanto, quanto mais fundo ele ia, mais estranhos os desenhos ficavam. Uma praia, pessoas formando um meio circulo e um símbolo desenhado nas areais. 
             - Sistema, qual é a distância daqui até o oceano deste planeta.
             - Há séculos já não existe um oceano grande. O que restou se encontra a trezentos quilômetros ao leste. Entretanto, leituras mostram que, antes do oceano diminuir, sua extensão alcançava até dez quilômetros de sua localização atual.  
              Essas informações só comprovavam que aquela construção eram antiga. Bem antiga. Contudo, mostrava também que, como se fosse sorte - ou destino - ele estaria em um lugar em que pessoas que cultivavam o ídolo que procurava moravam. 
              O dia passou e, para Ishter, ele precisava descansar um pouco. Por maior que tenha sido o alívio naquele dia, ele precisava dormir por um tempo para poder achar uma maneira de sair daquele planeta. Este ainda era o maior dos problemas.
               Já tinha se passado duas horas desde que tinha encontrado um pouco para descansar e fechado os olhos. Sonhando com uma suposta casa que não sabia ser sua mesmo ou não, Ishter abre os olhos de repente. No fundo do corredor, virando à direita, ele vê um vulto. 
               - Tem alguém aí? Sistema, você gravou o que acontecia enquanto eu dormia?
               - Sim.
               - Deixe-me ver.
               Ishter se arrependera, depois, de ter visto as gravações.
           Depois de uns dez minutos deitados, o vulto aparece no final do corredor. Vai chegando perto, arrastando os passos, como se chumbo os prendesse ao chão. Um grunhido baixo ressoa pelo corredor e olhos, cada vez mais alto começam a se revelar para a gravação. A criatura humanóide agacha e olha diretamente para Ishter. Com um rosto sem olhos, ela observa, solta baforadas em cada respiração pesada. Ela estica, então, o braço e, com a mão deformada, toda coberta de manchas negras, ela toca o capacete de Ishter.
                  Agachada por mais uns dez minutos, a criatura parece inquieta em relação àquele estranho até então nunca visto. 
                   Ela abre um sorriso naquele rosto sem olhos. Um sorriso, até certo ponto, inocente. Contudo, como se seu humor mudasse repentinamente, ela começa a abrir mais e mais o sorriso. É então que grande parte do seu rosto se abre e mostra uma boca horrendamente grande. Capaz de engolir pequenos animais de uma vez, ela tinha alguns dentes afiados na frente e todo um outro conjunto de dentes indo pelo caminho da garganta, provavelmente para triturar seu alimento. 
                 A criatura já se prepara para tentar abocanhar a cabeça protegida pelo capacete de Ishter. Porém, algo acontecera com a gravação. Uma distorção acontece e Ishter fica sem poder ver o que aconteceu naquele momento. Era óbvio que algo acontecera, porque, se não tivesse, ele estaria morto. 
                 Um silêncio angustiante é mantido na gravação sem imagens. O quão longe ainda estava de ser atacado? Por que a criatura demorava tanto? O silêncio, enfim, é quebrado. Quebrado por um grunhido maior e mais assustador do que o da criatura. Ishter ouve passos se afastando dele e que deveriam significar que fora aquele grunhido aterrorizando que salvara sua cabeça de ser engolida. 
                   A gravação voltou com a imagem. De novo, Ishter só consegue ver, no final do corredor um vulto virando a esquina, com algumas vestes soltas e braços longos. Agora, a questão era: o que faria?

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